Restaurante do Futuro

Restaurante do Futuro

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ARTIGO – Por Luciano Madella

Muito se especula sobre como será o futuro. Cada um em sua área tem as suas ideias e previsões. O fato é que o futuro mudará a todo instante até chegarmos nele, mas aí não será mais futuro e sim, o presente rumo ao passado. O que determina o modo como faremos nossas atividades ou vivenciaremos nosso trabalho é o hábito que teremos. O modo como pensamos, agimos e sentimos hoje não será o mesmo daqui a algum tempo, pode mudar radicalmente ou apenas apresentar nuances do que já foi. Posso garantir que não será o mesmo porque a mudança é constante e inevitável, às vezes de forma progressiva, às vezes conservadora.

Baseado nas mudanças de comportamento percebíveis atualmente, podemos projetar tendências de hábitos para o futuro. O perfil do consumidor, seus temores, seus desejos e suas manias definirão como ele comprará um produto ou serviço. A consultoria WGSN, especializada em perfis comportamentais, em seu relatório anual “Consumidor do futuro 2022” mapeia os sentimentos predominantes deste consumidor em um futuro muito próximo. São eles: Medo, Dessincronização Social, Resiliência Equitativa e Otimismo Radical. Vale a pena ler o documento: https://www.wgsn.com/wp-content/uploads/el-consumidor-do-futuro-2022-WGSN-pt.pdf Embora o relatório descreva os sentimentos do consumidor para um amanhã muito próximo, é bem provável que estas características serão a base de do futuro mais remoto. O usuário dos restaurantes de empresas ou comerciais serão os mesmos e é para eles que temos que pensar em como atendê-los.

As gerações X (nascidos entre 1965-84) em menor escala, Millenials ou Y na sua maioria (1985-99) e Z (2000 – atual) serão a nossa clientela. Cada uma com suas peculiaridades. Será preciso atender a todas e ter o cuidado para não desagradar nenhuma. No futuro, a Geração X – mais velha — estará saindo do mercado de trabalho e os Millenials já estarão em postos de comando e serão os decisores na maioria das empresas. Contudo, os formadores de opinião e influenciadores serão os da Geração Z (Gen Z).

Procura por um Produto Personalizado

Este novo consumidor será mais consciente, engajado e preocupado com as questões ambientais. Pesquisas de comportamento apontam mudanças no consumo baseadas na percepção de mundo desses novos usuários. Se o público muda, a gente muda. A geração Z (Gen Z) será a responsável pelo maior consumo em nossos restaurantes. Suas escolhas serão determinadas pelo que as empresas fazem e pensam pela comunidade, meio-ambiente, saúde de seus produtos e bem-estar de seus colaboradores.

Produto Personalizado almejado deverá abordar:

·         Realfooding;

·         Liberdade de Escolha;

·         Múltiplas Preparações;

·         Automação nos Serviços;

·         Consumo consciente.

Realfooding é um movimento criado pelo nutricionista e ativista espanhol Carlos Ríos. A ideia central é não consumir (ou pelo menos reduzir drasticamente) alimentos ultraprocessados. Buscar uma alimentação baseada em “comida de verdade”, e eu diria também feita por “gente de verdade”.  Alimentos mais frescos e sem conservantes ou aditivos, produzidos na própria comunidade, terão cada vez mais valor para nosso usuário do futuro. O termo “saudabilidade” ganhará mais espaço nas áreas de desenvolvimento de produtos das empresas. Os restaurantes que usam temperos industrializados prontos, por exemplo, acabam por dar um sabor igual a todas as preparações e destroem o paladar do usuário. Alho, cebola, ervas… naturais têm mais valor na percepção, além disso são mais saudáveis. Penso que um espaço reservado para o cultivo de hortas aromáticas será necessário nos futuros projetos.

Esse movimento de Realfooding também acompanha outro movimento que é consumir serviços e produtos de produtores locais, da própria comunidade em que vivem. Na pandemia vimos esta procura crescer pelo comerciante local como forma de sobrevivência dele e da comunidade.  Preferir o pequeno ao invés das grandes corporações deixa o recurso financeiro no local e proporciona prosperidade para todos. Será muito mais forte a preocupação com a questão ecológica neste novo cliente, razão pela qual a “economia circular” ganha força atualmente. Quase tudo o que é comprado ou consumido hoje tem um caminho linear: a matéria-prima é transformada em produto que é comprado que é consumido e depois descartado. Fim. A economia circular pretende fazer com que bens e serviços não tenham fim. Ao final do ciclo de vida de qualquer coisa, ela seja transformada ou regenerada e volte para o início do ciclo como a mesma coisa ou outra qualquer.

Ao entrar no restaurante, este usuário do futuro procurará produtos e serviços que tenham esta preocupação. Utensílios que não sejam descartáveis. Preparações com menos pegadas de carbono tanto na sua origem quanto na sua cocção. Com certeza, ele será mais informado e exigirá saber mais sobre o que está consumindo. Será um consumo consciente.

Produção em dark Kitchen, expansão tecnológica, profissional especializado, sustentabilidade, conscientização e ambiente desconstruído são outros pontos que devem ser analisados para termos uma ideia do que será o Restaurante do Futuro:

E, mesmo assim, tudo pode mudar. Ampliar a escolha e ter mais liberdade para o usuário será o nosso desafio. Combinar os custos de produção e uma oferta ampliada irá exigir que as operações desenvolvam novas técnicas de produção, preparo, novos equipamentos e novos produtos. O tema rende!

Luciano Madella

Jornalista e empresário do ramo de Foodservice.

Formado pela UNESP/Bauru em Comunicação Social

Diretor Executivo da Premium Essential Kitchen

Trabalha no segmento de refeições coletivas há 25 anos

Restaurante do Futuro
Luciano Madella – Foto: Divulgação

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Fonte: Dayane Dias/Premium

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